quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

CONSPIRAÇÃO CONTRA A MUDANÇA - "Não se iluda meu amigo; a vida é eterno volver; a roseira decepada voltará a florescer..."

O sol se pondo no Planalto Central - a vida se renova e a mudança se reafirma como Lei natural da vida diariamente. Crédito da foto para minha amiga Flávia.


No decorrer da vida, as mudanças são inevitáveis e necessárias. Mudamos fisicamente na medida em que envelhecemos; mudamos nossos conceitos e foco na razão de nossas experiências diárias. As transformações pelas quais o ser humano se vê na obrigação e ou necessidade de passar, trazem também algumas constatações interessantes. Vejamos;

- A visão que as pessoas têm a respeito de nós mesmo é, de alguma forma, um poderoso antídoto contra a mudança de comportamento. Não basta querer mudar; é preciso ter coragem para romper com estigmas e, também e sobretudo, a consciência de que posturas e hábitos geram marcas, que nos levam a tender para a inércia. Explico; ou melhor, explica Luiz Eduardo Soares no livro "Cabeça de porco" em um exemplo mais do que feliz e exato:

"A criança sobre a qual pesa um estigma - quando dela se diz que "está sempre atrasada" . "é difícil", "tem dificuldades de aprendizagem" ou "apresenta comportamento reiteradamente impróprio" - terá grandes dificuldades para fazer com que a sua eventual mudança de atitude e rendimento seja percebida, reconhecida, valorizada e difundida...ela tenderá a ser reenviada a sua antiga posição, de novo e de novo, numa espécie de gravitação perversa, socialmente construída e inconsciente aos oficiantes deste "ritual" macabro. Uma vez proclamada a condenação - "fulano é assim" - , será complicado alterar as expctativas, pois estas têm vôo próprio e, costumeiramente, prescindem da confirmação da realidade. Por exemplo: se a criança costuma chegar atrasada e é por isso rotulada como "atrasada", quando reverte expectativas e chega mais cedo, de seu comportamento diz-se: "Nossa...o que aconteceu? O mundo está virado de pernas pro ar...fulano foi pontual...que milagre é esse?..." Pronto, desfez-se a mudança e confirmou-se a qualificação anteriormente produzida e chancelada pela comunidade. A criança buscava o silêncio discreto que a acolheria e valorizaria como apenas mais um estudante, entre tantos - livre, portanto, do destaque provocado pelas luzes da acusação, da cobrança ou da crítica. Em vez disso, colhe novo destaque, ainda mais severo, que acentua o suposto fato de que ele ou ela é uma pessoa essencialmente atrasada, como se esta fosse sua inexorável natureza. Natureza que emerge , inapelavelmente, graças aos observadores que a redescobrem, mesmo sob o disfarce do seu oposto. Não chegar atrasado passa a ser mera manifestação de uma essência, ora imediatamente visível, ora evidente por sua inversão, isto é, presente pelo avesso."

O texto iluminadamente lúcido e cirurgicamente preciso de Luiz Eduardo Soares é, na minha opinião, um bom fomento para a reflexão acerca da importância da esperança e da crença no ser humano como agente ativo de mudanças.

Ao tempo em que se faz necessária a relativização da importância do juízo de valor dos outros, faz-se ainda mais imprescindível que sejamos no mínimo neutros diante da possibilidade de mudança dos nossos pares e irmãos na vida.

Não há como se esperar que o meio em que a gente vive se modifique, se nós mesmos nos incubimos de taxar e estigmatizar as pessoas; "Fulano é desonesto"; "Beltrano é violento", "Cicrano é bom", "a outra é má", etc. são formas de eternizamos aquilo que já se implantou. Melhor seria se constatássemos que o ser humano é um bicho onde cabem, além do branco e do preto inúmeras tonalidades de cinza...ninguém é totalmente bom a ponto de não poder ser ruim um dia, e vice-versa.

É chegada a hora de admitirmos as nuances do ser humano e, sermos capazes de discutir ações e não pessoas. Essas últimas merecem sempre o nosso respeito e a esperança de que podem mudar; para o bem da raça.

5 comentários:

Unknown disse...

Bom dia Junie.

Confesso que achei difícil seu texto, e realmente não sei se entendi corretamente.

Acredito que para haver mudanças, precisamos primeiramente olhar para nos mesmos, repensar nossos dogmas e aceitar de uma forma mais simples e de forma natural as mudanças que nos envolve, sem julgamentos ou comodidades a nosso favor.

ultimamente, a raça humana tem esquecido de respeitar o individo, e aceitar o ser diferente.

Continue a escrever!
seu Blog, já esta no marcador do navegador aqui do trampo e de casa tmb!

parabéns

Anônimo disse...

Diga la Junie!!!!
Bacana demais seu blog velho!!!!
Só achei os textos meio grandes, mas volto pra visitar com mais tempo pra ler os textos, as serie das rampas muito massa!!!!
acho q vou te plagiar no meu blog, hehehehe....
No mais é isso, bons voos!!!!
E vamos livre por ai!!!!
Abx!!!!
Laranja
BASE 1105

Junie disse...

Diga aí pessoas!
Obrigado sempre...
O texto em questão ficou mesmo grande...mas é que o tema é meio difícil de ser resumido.
Anotadas as observações, farei o possível para tornar os textos mais compreensíveis (paciência com este novo escriba :-) ) e mais curtos.
Abraços.

nascer do sol disse...

Profecias auto-realizadoras


O mundo de hoje é o resultado de um determinado nível de consciência da humanidade. Esse assunto é complexo demais para ser tratado em algumas linhas. Mas certamente a consciência espiritual transforma tudo. Para mim, a espiritualidade pode ser resumida numa palavra: amor. Quando existe amor, amor de verdade, por si próprio, pelo próximo, pela natureza e todas as coisas que são vivas, não há lugar para julgamentos, críticas, disputas de poder. O amor está ligado à aceitação, paz, harmonia, solidariedade, luz.
A primeira atitude para mudar a própria vida é assumir a responsabilidade pelo que nos acontece. Quando alguém faz isso, assume o papel de agente da sua vida e não se deixa levar por um comportamento reativo, ou seja, não age levado pelo que alguém diz ou faz, ou pelas circunstâncias que lhe acontecem. Quando você é agente da própria vida, você escolhe que atitude tomar, qual a direção a seguir, como você quer se sentir. Ninguém tem o poder de fazer com que outra pessoa se sinta mal, a não ser que a pessoa entregue seu poder ao outro. É importante observar os quadros mentais que você alimenta na mente, pois o pensamento é criador, e aquilo em que alguém pensa é onde coloca a sua energia. Para virar a mesa, como você diz, é preciso acreditar na própria capacidade de superar obstáculos, desenvolver novas capacidades e competências emocionais. Todo mundo já tem tudo o que precisa para construir uma vida plena. O fundamental é entrar em contato com o seu interior e agir. Sem ação nada acontece. Sem disciplina, não há ação consistente. Mas a mola de tudo é a vontade de superar e realizar. Nada é tão poderoso como a vontade direcionada através da ação.
Embora tenhamos crenças essenciais que são muito arraigadas e importantes para nós, também podemos ser flexíveis naquilo que escolhemos acreditar em determinadas áreas de nossa vida. Se agirmos como se determinadas coisas fossem verdades, muitas tarefas tornam-se mais fáceis. Como diz o velho ditado: “Quer você acredite que pode ou que não pode, você está certo!” As crenças agem como profecias auto-realizadoras.
O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001) define a palavra MATRIX, de origem latina, como útero, local onde algo é criado, fonte, origem. No longa-metragem a definição apresentada por Morpheus, o líder da resistência humana, é a seguinte: “A Matrix está em todo o lugar [...]. É o mundo que foi colocado diante dos seus olhos para que você não visse a verdade [...] que você é um escravo. [...] O que é a Matrix? Controle”. A junção destas duas explicações possibilita a caracterização da Matrix como a representação do sistema sócio-político-econômico-cultural de regras que regem a vida das pessoas, ou seja, o conjunto de metanarrativas e dispositivos de autoridade e vigilância utilizados para moldá-las e torná-las obedientes sem objeções ou questionamentos.
Segundo Kechikian (1993, p. 47), metanarrativas são “discursos legitimadores do poder e do saber, que ao contrário dos mitos, não buscam o princípio da sua legitimação num ‘acto original fundador’, mas constituem-se antes em projectos escatológicos de realização histórica”. Elas também se vinculam aos discursos legitimadores e aos jogos de linguagem baseados em um “contrato explicito ou não entre os jogadores” (Lyotard, 1989, p. 29). Neste sentido, a busca pela e para a saída da Matrix envolve a transposição de obstáculos e superação de dúvidas que possibilitem a libertação do pensamento. Envolve o processo de “deslegitimação”, processo marcado pela perda da credibilidade nas grandes narrativas e pela busca de alternativas que possibilitem a alteração do cenário determinista.
Por que nesta busca desenfreada pela libertação das engrenagens do sistema tecnológico opressor eles não conseguem se desprender das “pseudoprofecias”.

Estas exercem a função de profecias auto-realizadoras (self-fulfilling prophecy), conhecidas no âmbito educacional como “efeito pigmaleão” (Rosenthal; Jacobson, 1968). O efeito pigmaleão postula que os professores (de forma consciente ou não) criam expectativas positivas ou negativas em relação aos estudantes. Posteriormente as profecias auto-realizadoras enunciadas concretizam-se devido à aceitação e interiorização (mesmo que involuntária) do estereótipo por parte dos alunos. Ou seja, se um docente disser “você tem dificuldade em matemática e não conseguirá realizar a tarefa” está, indiretamente, induzindo o aprendiz a interiorizar esse conceito (imagem refletida) e consequentemente ao fracasso da atividade.
A pouco tempo um Grande Amigo meu ( alias o criador deste blog) me deu de presente um livro chamado “Nossos Filhos são espíritos”, o qual ainda estou lendo, mas o que me deixou impressionada foi a constatação de um psicóloga americana, já havia feito experiência com 750 pacientes que se submetiam ao processo de regressão, foi que a grande maioria dos pacientes consideravam a experiência de morrer muito mais prazerosa do que nascer.... Como chegou a esta conclusão? Bem ao morrer o espírito se liberta da matéria e pode “voltar para casa”, enquanto ao nascer, ele, um espírito maduro, com metas predefinidas, está preso a um corpinho frágil e limitador, gerando assim uma grande insegurança, daí a grande responsabilidade dos pais, tutores, mestres e formadores em geral, direcionar este espírito na direção certa, que ira ajuda-lo a crescer e cumprir seus objetivos ou até supera-los ou não deixar que o ócio ocupe o lugar do aprendizado ou até chegar a regredir..... Esta é uma responsabilidade enorme, que deve ser diuturnamente avaliada!


Flávia Alves de Oliveira Mundim.

Pesquisa:
- Joseph O´connor;
-Robert Anton Wilson;
- Jael Coaracy;
- Pollyana Notargiacomo Mustaro;
- Herminio C. Miranda.

Anônimo disse...

Flávia querida!
Ser agente da própria vida... eis aí algo que só é possível quando nos libertamos das amarras que nos prendem a pré julgamentos e conceitos.
Que bom receber um comentário seu por aqui! A casa é sua minha querida. Use e abuse; participe sempre que puder! Para o bem deste que é um espacinho destinado a reflexões como essas que engrandecem a alma e nos unem em uma sinergia poderosa que só alcançam àqueles que "conspiram"...
Um beijo carinhoso a todos por aí
Junie