terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O INDIVIDUALISMO ÉTICO.

Porque eu vôo? Ah, porque eu gosto uai...
Rudolf Steiner, um austríaco de nascimento que viveu no final do século XIX e início do XX, foi quem criou a Antroposofia. A Antroposofia é um método de conhecimento que aborda o ser humano em seus níveis físico, vital, anímico e espiritual, e mostra como essas naturezas, absolutamente distintas entre si, atuam em constante inter-relação.
Mas vamos ao que interessa; dentro da formulação dos conceitos antroposóficos, Rudolf Steiner trabalhou com o que chamou de individualismo ético. Para Steiner e seus seguidores, o indivíduo para ser completo precisaria estar sempre em busca do que é melhor para si, para que ao final, de posse de boas referências e aquisições pessoais pudesse, como efeito, ser útil a sociedade em que vive.
Steiner (e eu também diga-se), provavelmente não devia acreditar em campanhas para promoção da paz já que elas não surtem o efeito desejado; mais eficaz seria que àqueles que participam desses movimentos conseguissem viver em paz consigo mesmo, com seus filhos, esposa, vizinhos. Essa sim seria uma forma efetiva de promoção da paz. Reiteradamente, vemos o cidadão que se engaja na luta pela paz no Oriente Médio não conseguir ir de casa ao trabalho sem discutir no trânsito. A promoção da paz para os outros é mais fácil do que para si...
Mas Voltemos ao X da questão e deixemos as abstrações para outro momento...O problema da história toda é a conceituação do que é melhor para si; vivemos num mundo em que o senso comum nos empurra em direção ao consumismo. A felicidade estaria em ter um bom carro de um modelo novo, uma casa que nos dê, além de conforto um "status social", usar boas roupas de marcas que se identifiquem com o nosso "estilo de vida". Isso é o que nos mostra a TV diariamente; é para o que nos prepara a vida social: precisamos ser "bem sucedidos". É o motivo de diversas constrições a que nos dispomos do tipo "precisamos fazer um sacrifício". Interessante como qualquer sacrifício se justifica se for em prol de Ter algo; difícil é justificar ante os nossos pares da vida o sacrifício para a mudança interna. Enfim...desse jeito não há individualismo ético que resista. Quando os valores positivos da vida estão ligados diretamente ao "ter" fica óbvio que os níveis físicos, vitais, anímicos e espirituais do ser humano ficam relegados a um plano coadjuvante. O individualismo ético subiu no telhado...
É preciso que a conceituação do que é bom para o indivíduo possa ser reforçada em planos não materiais; em que pese o fato de TODOS nós nos depararmos com essa verdade na vida em algum momento, insistimos em continuar sendo presas da cultura dominante do "ter" para "ser".
By the way, o Cristo (aquele mesmo do natal...Papai Noel...páscoa...chocolate e coelhinho...essas coisas) foi talvez quem, de forma mais precisa e sábia e nem por isso menos simples, tenha falado da comprovada necessidade de se "olhar para dentro". "O reino dos céus está dentro de vós" é uma imagem clara de ética individualista e da premente necessidade de reforma íntima. Mas de todas as falas do Cristo, provavelmente a que mais perfeitamente demonstra a necessidade de se estar em comunhão com si mesmo seja o tão famoso "Ama ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas." Neste preceito estão contidas duas regras:
1)Amar o próximo e;
2) amar a Deus sobre todas as coisas.
O que geralmente nos esquecemos é da referência que também está explicitada: COMO A TI MESMO. Precisamos reaprender a nos amar, para que consigamos amar ao próximo. Está aí o mais perfeito exemplo de individualismo ético.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

CONSPIRAÇÃO CONTRA A MUDANÇA - "Não se iluda meu amigo; a vida é eterno volver; a roseira decepada voltará a florescer..."

O sol se pondo no Planalto Central - a vida se renova e a mudança se reafirma como Lei natural da vida diariamente. Crédito da foto para minha amiga Flávia.


No decorrer da vida, as mudanças são inevitáveis e necessárias. Mudamos fisicamente na medida em que envelhecemos; mudamos nossos conceitos e foco na razão de nossas experiências diárias. As transformações pelas quais o ser humano se vê na obrigação e ou necessidade de passar, trazem também algumas constatações interessantes. Vejamos;

- A visão que as pessoas têm a respeito de nós mesmo é, de alguma forma, um poderoso antídoto contra a mudança de comportamento. Não basta querer mudar; é preciso ter coragem para romper com estigmas e, também e sobretudo, a consciência de que posturas e hábitos geram marcas, que nos levam a tender para a inércia. Explico; ou melhor, explica Luiz Eduardo Soares no livro "Cabeça de porco" em um exemplo mais do que feliz e exato:

"A criança sobre a qual pesa um estigma - quando dela se diz que "está sempre atrasada" . "é difícil", "tem dificuldades de aprendizagem" ou "apresenta comportamento reiteradamente impróprio" - terá grandes dificuldades para fazer com que a sua eventual mudança de atitude e rendimento seja percebida, reconhecida, valorizada e difundida...ela tenderá a ser reenviada a sua antiga posição, de novo e de novo, numa espécie de gravitação perversa, socialmente construída e inconsciente aos oficiantes deste "ritual" macabro. Uma vez proclamada a condenação - "fulano é assim" - , será complicado alterar as expctativas, pois estas têm vôo próprio e, costumeiramente, prescindem da confirmação da realidade. Por exemplo: se a criança costuma chegar atrasada e é por isso rotulada como "atrasada", quando reverte expectativas e chega mais cedo, de seu comportamento diz-se: "Nossa...o que aconteceu? O mundo está virado de pernas pro ar...fulano foi pontual...que milagre é esse?..." Pronto, desfez-se a mudança e confirmou-se a qualificação anteriormente produzida e chancelada pela comunidade. A criança buscava o silêncio discreto que a acolheria e valorizaria como apenas mais um estudante, entre tantos - livre, portanto, do destaque provocado pelas luzes da acusação, da cobrança ou da crítica. Em vez disso, colhe novo destaque, ainda mais severo, que acentua o suposto fato de que ele ou ela é uma pessoa essencialmente atrasada, como se esta fosse sua inexorável natureza. Natureza que emerge , inapelavelmente, graças aos observadores que a redescobrem, mesmo sob o disfarce do seu oposto. Não chegar atrasado passa a ser mera manifestação de uma essência, ora imediatamente visível, ora evidente por sua inversão, isto é, presente pelo avesso."

O texto iluminadamente lúcido e cirurgicamente preciso de Luiz Eduardo Soares é, na minha opinião, um bom fomento para a reflexão acerca da importância da esperança e da crença no ser humano como agente ativo de mudanças.

Ao tempo em que se faz necessária a relativização da importância do juízo de valor dos outros, faz-se ainda mais imprescindível que sejamos no mínimo neutros diante da possibilidade de mudança dos nossos pares e irmãos na vida.

Não há como se esperar que o meio em que a gente vive se modifique, se nós mesmos nos incubimos de taxar e estigmatizar as pessoas; "Fulano é desonesto"; "Beltrano é violento", "Cicrano é bom", "a outra é má", etc. são formas de eternizamos aquilo que já se implantou. Melhor seria se constatássemos que o ser humano é um bicho onde cabem, além do branco e do preto inúmeras tonalidades de cinza...ninguém é totalmente bom a ponto de não poder ser ruim um dia, e vice-versa.

É chegada a hora de admitirmos as nuances do ser humano e, sermos capazes de discutir ações e não pessoas. Essas últimas merecem sempre o nosso respeito e a esperança de que podem mudar; para o bem da raça.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

SÉRIE RAMPAS POR AÍ A FORA -FINAL




Pois é...


Tantas histórias e tantas experiências; enquanto escrevia sobre as rampas, me lembrei de muita gente boa, de muitos lugares bonitos, de muitos vôos legais.


Essa parte final da "saga" fica dedicada as outras rampas em que voei, mas que infelizmente não tenho registro fotográfico que se preste. Seria injusto não escrever nada a respeito de lugares tão legais e com tantas histórias.


-CRUZEIRO DE CAMBUÍ E CÓRREGO DE BOM JESUS : Voei lá em 2004. Me impressionou demais a quantidade de pilotos e a variedade de lugares para voar. Fui super bem recebido por todos lá, fiz um voozinho do Cruzeiro em Cambuí e, depois, fui "pru Kórgo" voar na rampa NW.


-PICO DO GAVIÃO- Andradas : Seguramente a rampa mais bem estruturada em que voei. O vôo, espetacular, com várias possibilidades. Estive lá em 2005, fim de ano. Apesar da época não ser a das melhores, fiz um vôo muito legal lá.


-MIRANTE DA BR 040 EM JUIZ DE FORA: Tomei um susto quando vi que não tinha foto do local (pelo menos que não estejam mofadas) ; voei muito do Mirante. Vento Sul, um panelão super turbulento em dias em que o negócio tá bom.


-ARGIRITA : Foi provavelmente uma das maiores besteiras que fiz em matéria de vôo livre. Decolei de uma montanha em Argirita em 1997, quando nem sabia bem o que era um parapente. E o local funciona melhor como pouso de Cross vindo de Leopoldina do que como rampa.


-CRISTO DE POUSO ALEGRE : Vento Sul e a cidade embaixo. Ao lado, o bananal do Maurão...


-CHALÉ PRÓXIMO AO MIRANTE EM JUIZ DE FORA: Prova inquestionável de que gosto muito de voar de parapente. Só quem já voou de lá sabe.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

SÉRIE RAMPAS POR AÍ A FORA PARTE IX - VALADARES


Acharam que era a Ibituruna né? Nananinanão. É Valadares em Juiz de Fora/MG em Abril de 2005.

A Valadares em questão é um distrito de Juiz de Fora/MG que fica às margens da BR 267 em direção ao Sul de Minas Gerais. No local não tem sinal de nenhuma operadora de celular. O Vilarejo deve ter no máximo uns 300 habitantes e não existe estrada para subir a rampa, o que significa que a subida é totalmente feita a pé (com os 25 kg da mochila do parapente nas costas óbviamente) e dura aproximadamente 1 hora e meia!

E o mais impressionante: fiz isso várias vezes para voar! Aliás, eu e mais um monte de gente que, na falta de lugar melhor e mais perto, encarava todas essas roubadas para voar.

O Vôo em si é bom, em que pese o desnível não ser muito grande (270 metros). Decolagens de Sudeste a Norte fazem com que, raramente, a subida não termine com um belo voozinho. Térmicas fortes e bicudas são comuns durante todo o ano; já marquei térmica de 7 m/s no lugar escutei histórias de térmicas ainda mais fortes. As possibilidades de Cross country são imensas; existem rotas faceis e para vários quadrantes e gostos. O que falta ao local é uma estrutura mínima para que esta seja realmente a rampa em Juiz de Fora.

É incrível, mas tenho excelentes lembranças dos vôos, das caminhadas morro acima e sobretudo das boas risadas após a subida junto com os amigos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA" PARTE VIII - PEDRA DO RELÓGIO - DESCOBERTO/MG


Pedra do Relógio - o acesso e a decolagem Leste são meio complicados. O resto não tem complicação. Foto de 2005.


Descoberto ainda não foi devidamente descoberto (eu sei...o trocadilho é péssimo, mas eu não resisti :-).

A rampa tem um potencial muito grande com decolagens para diversos quadrantes de vento, o local proporciona bons vôos térmicos, porém, não é muito frequentado. O acesso que é um pouco precário e depende de uma chave que fica com um voador de São João Nepomuceno, sendo necessário subir parte (pequena) do trajeto a pé e a decolagem Leste que é meio Kamikaze, talvez sejam os únicos pontos negativos da rampa da Pedra do Relógio; o resto é, certamente, de primeira qualidade. Desnível de mais de 600 metros, abundância de pousos, excelentes possibilidades de cross fazem da Pedra do Relógio em Descoberto uma rampa com muitas possibilidades pouco exploradas.

Antigamente a Pedra do Relógio foi palco de etapas de campeonatos de Asa Delta e referência para o vôo livre na Zona da Mata Mineira. Seria legal ter mais essa rampa novamente frequentada na região.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA" PARTE VII - ALFREDO CHAVES/ES


Dezembro de 2005; pro outro lado é o marzão!


Alguém de quem infelizmente não me lembro o nome, ao falar de Alfredo Chaves/ES, fez a meu ver a melhor definição do local : "Aquilo lá é uma Disneylândia!"

Quando fui lá pela primeira vez, me espantei com a estrutura do local; transporte para a rampa, bar/restaurante na decolagem e uma inacreditável suíte (um dia ainda vou me hospedar lá) bem em cima do bar da rampa com visão de 360 º.

Puro preconceito... não imaginava que o Espírito Santo abrigava uma rampa com estrutura tão boa e que deve muito pouco por exemplo ao Pico do Gavião em Andradas/MG, que para mim é o point de vôo mais bem estruturado do Brasil.

Abstraindo tudo isso, tem ainda uma Cachoeira maravilhosa, que dá nome ao lugarejo - Cachoeira Alta, que permite outras atividades quando não dá vôo.

Pertinho das praias do Litoral Sul do ES, Cachoeira Alta/Alfredo Chaves, permite tranquilamente um vôozinho enquanto àqueles (as) que não curtem o esporte ficam na praia naquelas outras atividades tão comuns a mineirada de férias, como se intoxicar com camarão, se empanturrar de cerveja jogando truco na areia da praia enquanto os outros que assistem estão em tempo de chamar a polícia em razão da gritaria, ter uma insolação aguda voluntária pensando que está se bronzeando dentre outras.

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA" PARTE VI - MARIANA/MG


Serra da Cartuxa em Mariana/MG ; o nome é esquisito mas o lugar é maravilhoso!



Imaginem o visual de Ouro Preto e Mariana/MG de cima... Imaginaram? Pois bem, juntem então um relevo diferente, com pedras nuas e pontiagudas, um belo vale de rio abaixo e, por fim e não menos deslumbrante, uma mata de se perder de vista atrás da rampa. Basicamente (mas bem basicamente mesmo), esse é o visual do vôo em Mariana/MG. Conheci a rampa e voei por lá durante um Festival de vôo livre no final do inverno de 2007 . O vôo é muito exigente e o piloto deve ter atenção constante com as influências do relevo e também em relação as possibilidades de pouso, meio escassas.

Além do vôo técnico, ficaram na memória a hospitalidade dos organizadores do evento (Vlw Rogério!) , o visual singular e o maior catrapo que eu já tomei voando de Ellus 2, onde pude observar (estava a mais de 800 metros acima da rampa ;-) a reação da vela e sua tendência a giro. Curiosamente, este colapso, que aconteceu por pura desatenção minha, me fez voar muito mais tranquilo com a vela.


domingo, 13 de janeiro de 2008

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA" PARTE V - MICROONDAS - JUIZ DE FORA/MG.



Microondas em Juiz de Fora/MG - visual maneiríssimo, mas o vôo... foto do início de 2006




Diz-se que a condição clássica na Microondas é insuperável; o problema é que essa condição depende de uma conjunção astral rara que só ocorre de 150 em 150 anos :-)


Brincadeiras á parte, o visual do lugar é maravilhoso - de lá pode-se observar com clareza o verdadeiro relevo de Minas Gerais - o "Mar de Morros".


É um dos locais onde eu mais decolei e pousei; não posso dizer que voei, porque geralmente o espaço temporal entre decolagem e pouso na Microondas é muito curto... foi, durante muito tempo, a rampa de Juiz de Fora; infelizmente concluiu-se que a se depender da rampa da Torre de Microondas, o vôo livre em Juiz de Fora estaria fadado a extinção.


Já me diverti muito com os vôos pregos na companhia de bons amigos nessa rampa.


Na Microondas sofri a minha primeira (e única) arborizada, pousei num brejo pela primeira vez também, e já tive que correr 5 quilômetros com a mochila do parapente nas costas acompanhando do chão uma grande roubada que um amigo preá se metia.


Em que pese a qualidade sofrível do vôo, restam sempre boas histórias e lembranças!

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA PARTE IV" - SERRA DA MOEDA - BELO HORIZONTE/MG


Serra da Moeda - na foto, visual da imponência que as vezes mete medo da Serra da Moeda. Setembro de 2007.


A Serra da Moeda oferece certamente o vôo mais intenso de todos os lugares em que já voei. Tudo na Moeda é muito, exagerado e marcante - possibilidades, aprendizado, experiências, conhecimento compartilhado com outros pilotos, exigência técnica, etc

No início, como em tudo na vida que a gente não conhece direito, fazia um juízo de valor apressado e errado do local; olhava o ventão, os degraus do Moedão, a turbulência descarada da Moedinha, imaginava as possíveis influências da composição geológica do local e da Lagoa dos Ingleses, e pensava comigo: "Esse lugar é mesmo esquisito".

Devagarzinho, como manda a boa e velha prudência mineira, fui aprendendo a respeitar a Moeda sem temê-la. A intensidade das experiências do vôo no local continuam a me surpreender - nunca vou me esquecer, dentre outros, de um vôo em Setembro de 2007 em que as 17:00 estava subindo a 1-2 m/s já a mais de 1300 acima da rampa; quando pousei tive a impressão de que acabara de viver um momento único e agradeci muito ao Criador a oportunidade de ter conhecido um lugar tão especial.

Conheci pilotos especialmente técnicos e vocacionados para a brincadeira na Moeda e outros com uma carga de experiência singular dentro do esporte - afinal quem voa aqui, voa em qualquer lugar do mundo!

Atualmente a Moeda para mim, é o local onde limites se vão e experiências intensas marcam a alma da gente profundamente. É sempre um desafio de desapêgo e liberdade viver essas experiências intensamente!

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA" PARTE III - LEOPOLDINA/MG


Leopoldina/MG - na foto, vista aérea da cidade numa tirada contra o vento em Outubro de 2007.


Se existe um sentimento que me toma quando vou voar em Leopoldina, esse é o de estar em casa, completamente à vontade.

Assisti o primeiro vôo de parapente do Morro do Cruzeiro (um cara que vendia alho e passava pela Rio- Bahia; um dia ele olhou pro Cruzeiro e resolveu que dava pra voar de lá - infelizmente não me lembro o nome dele), fui um dos primeiros a voar de lá pelos idos de 1997; assisti o Boom de cariocas que "invadiram" Leopoldina - imaginavam que no futuro, Leopoldina estaria para os cariocas assim como Andradas está para os paulistas.

Hoje a rampa esta lá e o vôo continua o mesmo, com o "plus" de ter a casa da sogra sempre muito receptiva a me hospedar.

Muito técnico, saída com alguns gatilhos previsíveis mas sempre com pouca altura do chão, o vôo em Leopoldina exige sempre muita atenção com a questão da altura do solo e da distância para o pouso.

Fiz grandes vôos em Leopoldina. Foi lá que entubei pela primeira vez voando de Quantum; um urubu fez o vôo inteiro comigo como se quisesse me levar até a base...

Tiradas no verão com o pouso próximo a uma mangueira carregada, onde se pode chupar um montão de mangas até que o resgate ou a carona apareça são comuns.

Figuras como os amigos Lessa e Coleguinha são garantias de boas risadas na rampa e fora dela também.

sábado, 12 de janeiro de 2008

SÉRIE "RAMPAS POR AÍ A FORA PARTE II" - RIO DE JANEIRO/RJ - PEDRA BONITA


RIO DE JANEIRO/RJ - na foto, o Rio de Janeiro continua lindo! Maio de 2005.


Tá bom, eu sei!

O Rio de Janeiro é violento, a cidade é quente, tem gente em tudo quanto é lugar afim de levar vantagem e a gente acaba com isso tudo se sentindo numa selva .

Mas apesar de tudo, esse é realmente um lugar especial e dos mais bonitos do mundo! Paisagens como a da Avenida Niemeyer ou a chegada no Aeroporto Santos Dumont, isso para não cair no lugar comum (nem por isso menos deslumbrantes) Pão de Açucar-Corcovado-Cristo Redentor, são absolutamente fantásticas.

O vôo na Pedra Bonita é certamente uma das coisas mais bonitas do Rio de Janeiro e poderia facilmente ser incluído entre todos os outros desbundes da cidade.

Tecnicamente, o vôo é limitado, mas a beleza e a aura do lugar compensam em muito; curioso notar a diferença de pressão atmosférica logo que se sai das montanhas e se entra na influência do ar pesado do mar.

A rampa é a única que eu conheço que praticamente exige a decolagem Alpina em razão de sua inclinação.

O pouso na praia e depois uma água de côco durante o bate papo é imprescindível.
Recebi o comentário que se segue do Mestre Paulo Pinto acerca da Pedra Bonita; tão completo e esclarecedor que tomei a liberdade de posta-lo em sua íntegra abaixo :
Junie
Em tempos passados havia um Meeting internacional no Rio promovido pela malharia High Level. Em uma dessas ocasiões, alguem, acho que o Bruno Menescal,comentou com o Bruce Goldsmithh que â competição no Pepino, comparada com as dos Alpes, era pouco técnica. Êle respondeu que, pelo contrário, era a mais técnica que êle já havia disputado porque qualquer erro, mínimo que fosse, jogava tudo a perder. O que se pode dizer é que é um vôo de teto e térmicas fracas - 1200m ASL e máximo de 3/4 m/seg - quando está muito bom. Quando está ruim, há que tirar água de pedra. E acredite, o Robbie Whitall, John Pendry e o próprio Bruce, tiravam.Quanto ao gradiente da rampa, realmente é acentuado. E facilita toda e qualquer maneira de decolar. As certas, as erradas e as catastróficas. Por isso, os "instrutores" aqui soltam seus alunos de qualquer jeito.Quanto à decolagem invertida, decola-se sem problemas, mesmo com zero vento, justamente porque a inclinação é grande. Mas não dá para parar com o velame na cabeça. Há que virar rápido quando êle está chegando na vertical e prosseguir sem perda de tempo.Uma coisa ruim é que é difícil abortar. Mesmo querendo, depois que a inclinação aumenta, acaba-se, ou decolando sem querer, ou com o parapente no mato e o piloto agarrado que nem o Homem Aranha no fim da grama.Mas nos parapentes antigos, realmente era complicado decolar com zero vento. O Saphyr da ITV que dominou o cenário de competição no início dos anos 90, fim dos 80, era pedreira. De cada tres, duas iam pro mato. Os phantom da Nova também. Depois que as fábricas aprenderam a melhorar a inflada, o problema acabou.
Postado por Paulo Pinto no blog VOU LIVRE em 29 de Janeiro de 2008 12:37



SÉRIE RAMPAS POR AÍ A FORA PARTE I - SANTA RITA DO SAPUCAÍ/MG


Diga lá pessoas!

A partir de hoje, vou dar a minha a visão pessoal sobre o vôo e características de algumas rampas em que tive a oportunidade de voar, a começar pela minha preferida:


SANTA RITA DO SAPUCAÍ/MG - na foto, Santa Rita em um dia de inverno. Junho de 2003, eu acho.


Santa Rita do Sapucaí é uma cidade com aproximados 33.000 habitantes (dados de 2004) no Sul de Minas Gerais. Conhecida por ser um importante pólo de eletrônica, tem sua economia movimentada também pela agropecuária.

A rampa da Serra do paredão é (muito bem diga-se de passagem) administrada pelo CSMVL (Clube Sul mineiro de Vôo livre), clube do qual tive o prazer de ser sócio e onde fiz muitos amigos.

A tal Serra do Paredão é, provavelmente, um contraforte da linha principal da Mantiqueira. A rampa fica a aproximadamente 1400 metros acima do nível do mar com um desnível de 470 metros até o pouso "prego" em São Sebastião da Bela Vista. Aliás, a rampa fica na divisa dos municípios de Santa Rita do Sapucaí e São Sebastião da Bela Vista.


O VÔO - Térmicas fortes com vôos alucinantes sobre o vale dos rios que cortam a região dão a Santa Rita do Sapucaí a condição ideal para o início da prática de vôos de distância. Lá, voa-se grande parte do tempo sobre locais onde é possível pousar o que dá uma segurança maior para àqueles que se aventuram a sair de perto da rampa e dos pousos mais usuais.

Em Santa Rita do Sapucaí, pela primeira vez ultrapassei a barreira dos 3000 metros de altura a partir do nível do mar em vôo. O teto durante a primavera e fim de inverno geralmente é bem alto.

Apesar de carregar a fama de ser uma rampa de vôo seguro e fácil, Santa Rita tem lá os seus mistérios e segredos. Que o digam àqueles que tem o prazer de voar por lá durante todo o ano.

Cuidados extras para quem não está acostumado a decolagem em rampas muito íngremes são aconselháveis. Atenção para o falso vento de frente que costuma entrar pela esquerda da rampa.

A passagem por sobre a Serra para o Pouso no famoso Pesqueiro "To a toa", na minha opinião, só deve ser realizada com uns bons 350 a 400 metros acima da rampa. Já vi alguns catrapos feios de gente que quis passar baixo. O rotor por lá também é bem gordinho e não é difícil que por vezes alcance as proximidades do pesqueiro. Legal mesmo é acompanhar o pessoal local.

No mais, Santa Rita é um paraíso! Vôo gostoso, visual muito legal, pessoas de um astral altíssimo e sempre dispostas a ajudar (sem desmerecer outros tantos, citaria o Maurinho Laraia, o Lisboa, Cebolão, Charleno, Maurão, Martinho e a Margarida do pesqueiro. Pessoas de primeiríssima qualidade!) .

Santa Rita é um local para se conhecer, voar muito, bater bons papos no pesqueiro depois do vôo, fazer ótimas amizades e guardar tudo isso na memória com muitas saudades sempre...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

"Tempo, tempo, tempo, Mano velho..."

Parece que realmente todo mundo vive correndo, com pressa e abrindo mão de coisa importante em detrimento de outras de importância duvidosa;

"Existem dias que, acredito, 24 horas não são suficientes! Teve um dia, a algumas semanas atrás, que saí de casa para trabalhar às 6h30 da manhã e voltei às 23h30! Ou seja, saí antes de minha esposa e meu filho acordarem e voltei quando eles já tinham ido dormir! E quando converso com colegas de profissão vejo que casos como esse não são atípicos mas, às vezes, até correm o risco de se tornar uma regra."
Será que situações como essa narrada acima, cada dia mais comuns, podem ser causa ou efeito de alguma alteração do planeta???
O físico alemão W.O. Schumann acha que sim, e formulou a hipótese denominada Ressonância de Schumann em 1952.
Segue um texto a respeito da hipótese; provável autoria de Leonardo Boff.
Ressonância de Schumann

Autor: Leonardo Boff
Não apenas as pessoas mais idosas mas também jovens fazem a experiência de que tudo está se acelerando excessivamente. Ontem foi Carnaval, dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?

Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo.

Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.

Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da ressonância Schumann, adoeciam. Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde. Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e para 13 hertz.

O coração da Terra disparou. Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas. Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é ilusória,mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann.

Gaia, esse superorganismo vivo que é a Mãe Terra, deverá estar buscando formas de retornar a seu equilíbrio natural. E vaiconsegui-lo, mas não sabemos a que preço, a ser pago pela biosfera e pelos seres humanos. Aqui abre-se o espaço para grupos esotéricos e outros futuristas projetarem cenários, ora dramáticos, com catástrofes terríveis, ora esperançadores, como a irrupção da quarta dimensão, pela qual todos seremos mais intuitivos, mais espirituais e mais sintonizados com o biorritmo da Terra.

Não pretendo reforçar esse tipo de leitura. Apenas enfatizo a tese recorrente entre grandes cosmólogos e biólogos de que a Terra é, efetivamente, um superorganismo vivo, de que Terra e humanidade formamos uma única entidade, como os astronautas testemunham de suas naves espaciais. Nós, seres humanos, somos Terra que sente, pensa, ama e venera. Porque somos isso, possuímos a mesma natureza bioelétrica e estamos envoltos pelas mesmas ondas ressonantes Schumann.
Se queremos que a Terra reencontre seu equilíbrio, devemos começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais harmonia, com mais amor, que é uma energia essencialmente harmonizadora. Para isso importa termos coragem de ser anticultura dominante, que nos obriga a ser cada vez mais competitivos e efetivos. Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Vou Livre!


Oi pessoas!


Sejam bem vindos (as)!


1-Dizem (e eu acho que é verdade), que quando me perguntavam o que eu seria quando crescesse eu respondia inquestionável : "piloto de avião".

O tempo passou, eu não me tornei um piloto de avião, mas acabei descobrindo um brinquedinho para voar ainda mais agradável : o parapente!



2-Nasci, cresci e vivi toda a minha vida com padrões de comportamento norteados por "ser" ao invés de "ter"; fruto talvez, da Doutrina Espírita que me acompanha desde quando vim para este mundo... o fato é que acabei me tornando mais do que um espírita ou um profissional de Defesa Social; sou um humanista, que não consegue enxergar a vida sob outro aspecto senão àquele a que se refere a vida Humana e suas nuances.


3-Em vias de regra, gosto de gente. As vezes, "gente" me surpreende, me magoa, me deixa alegre, me deixa triste, me emociona. Porém, "gente" sempre me interessa.

Em 1999 fui pai de uma menina pela primeira vez; em 2007 pela segunda.

A se somar minha mulher, minha mãe e minhas duas irmãs, minha família se compõe de 6 seres maravilhosos e misteriosos do gênero feminino além, óbviamente, de mim tentando entender a lógica admiravelmente diferente da minha de todas as 6.



Assim, Vou Livre; e vivo cada vez mais livre de pesos e obrigações que incomodam tanta gente na vida.

Esse espaço nasce com o foco nessas "coisas" tão diversas: Vôo livre de parapente, Humanismo, Espiritualismo e Família.

Em que pese a minha pouca familiaridade com o espaço, faço votos de que algo de útil para alguém possa surgir das "escrivinhações" que vão se seguir.


Paz e saúde a todos nós é o meu sincero desejo!