terça-feira, 19 de maio de 2009

Sobre pais, filhos e riscos.

Foto: Anne Geddes

Dia desses, numa corrida despretensiosa por notícias na internet achei uma (infelizmente não sei onde), de um pai que tirava um retrato por dia do filho desde que esse nasceu. O moleque já devia ter uns 4 ou 5 anos e lá estava um montão de fotos desde que o pirralho ainda era nenenzinho. Fiquei pensando em como isso é meio louco e surreal... Quem não gostaria de ter um instantâneo de cada dia de vida dos filhos? Legal né? Pois é. Também achei. O problema talvez seja o fato de que o mais importante é sempre aquilo que não pode ser organizado ou mensurado.
Como por exemplo registrar a emoção que toma conta da gente quando vemos um filho dar os primeiros passos? Se é possível, eu sinceramente nem imagino como. E, quem sabe, foi o medo de perder a lembrança que fez o tal pai retratista tirar uma foto por dia do filho? Todos somos medrosos assim. Eu em particular me declaro um medroso. Tenho medo de não conseguir repetir dentro de mim as sensações e emoções que me varrem vez ou outra. E é verdade também, que corremos sempre esse risco de viver coisas intensas e fugazes na mesma proporção. Ou de não conseguir organizar essas coisas.


Não sei não, mas suponho que a vida é mais sentir do que organizar as coisas. E assim vamos nos transformando em uma outra pessoa sem que a gente note. A ilusão que faz a gente supor que é possível controlar e organizar as emoções as vezes é necessária para continuar vivendo. Mas não deixa de ser uma ilusão ou pretensão bem pouco plausível.


O mundo muda, a gente muda, os filhos crescem, coisas impossíveis e improváveis acontecem. Impossível organizar ou prever tudo isso. Ou não? :-)