quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

"Nós: Mães de meninos-passarinhos"

Eu, Ana Clara e Dona Vera no dia que inspirou o texto que se segue; Setembro de 2004 .

Em 29 de Setembro de 2004, depois de anos de insistência e muita relutância, minha mãe finalmente resolveu ir até uma rampa pela primeira ( e única) vez; das emoções dela nesse dia e em tantos outros, nasceu o texto a seguir; uma página de raro talento e emoção de que a minha mãe foi generosamente dotada. Que Deus te proteja e ampare sempre Mãe querida! Amo você!

Nós: mãe de meninos passarinhos

O homem aprendeu a difícil arte de nadar como peixes, de voar como pássaros, e desaprendeu da fácil arte de viver como irmãos” (Abrahan Lincoln)

Sempre quando assistia a alguma matéria sobre vôo livre, ficava imaginando: esse negócio deve ser muito bom, bom mesmo, tão bom que depois do um vôo ao colocarem seus pés no chão, eles, os meninos, vem com outro semblante seguido daquele tradicional “uhuuu”, como se estivessem em estado de graça, principalmente porque nessas matérias também é colocado um som que tem tudo a ver. Por isso deve ficar tão legal, pensei. Bonito, lindo, mas para o filho dos outros. Como devem ficar essas mães, que ampararam exageradamente seus filhos nos primeiros passos e num piscar de olhos vêem seus “filhotes” carregando nas costas um “mochilão” enorme, que é o tal do parapente, voando no infinito azul? É, Deus toma conta! – encerrei meus pensamentos.

Mas logo logo precisei retoma-los, porque aquele menino que na infância tinha medo de saltar de uma altura de mais ou menos 2 metros, me comunica que está fazendo um curso que pra mim era de um futuro candidato a passarinho, que em breve estaria voando. Ai, que frio na barriga. – cê ta louco menino?! Se eu quisesse ter um filho passarinho teria casado com um passarinhão. Presta atenção Junie; vai nadar, jogar futebol, entra pra uma academia de ginástica... Ai meu Deus, coitada daquelas mães do Esporte Espetacular.

Certa vez, fui até uma rampa, em Santa Rita, pra ver “meu menino”, já casado e pai de uma menina de 4 anos, voar. No caminho, no carro, o ar me faltava e eu dava uma de durona, até que chegou o momento do danado do vôo. A parafernália toda pronta, o vento ajudando, as asas coloridas do meu filho estão infladas e ele mergulha no espaço que parece querer roubá-lo de mim, levando-o cada vez mais para o alto. E ele vai voando, voando e eu pensei que fosse infartar vendo meu filho indo embora, cada vez mais pequenininho.

Ufa! Graças a Deus ele desceu, está no chão, lá embaixo. Fomos eu, Karine e Ana Clara resgata-lo. E para minha surpresa, quando olhei para ele, ele estava com os olhos brilhando, com aquela cara de bobo em estado de graça, que nem os meninos do Esporte Espetacular; só faltava o som, aquela música linda que tocava nos comerciais idiotas de cigarro, “Holliwood, o sucesso!”. – gostou mãe? Muito legal, Junie - consegui dizer.

Apesar da minha preocupação de mãe, meu filho foi conseguindo administrar meu medo, me passando sempre a noção de responsabilidade na vida em todos os setores, principalmente na hora de decidir: voar ou não. As vezes ainda me pego pensando: será que essa expressão que eles trazem no rosto depois de um vôo é porque se aproximaram mais das coisas superiores? Por alguns momentos se livraram das emanações grosseiras, lançadas através dos pensamentos e atos pelos homens na terra? Será que nas alturas a energia positiva do sol consegue bombardear pacificamente as criações negativas dos homens? Acho que sim. Por isso, esse ar de plenitude, de paz interior, de sentirem mais que qualquer um de nós, a essência pura e divina do Grande Arquiteto do Universo dentro deles.

Que Deus nos abençoe e, ampare nossos filhos que não estão fazendo mal a ninguém, só continuam sendo nossos filhos lindos, amados e...passarinhos.

Vera


12 comentários:

Luiz disse...

Junie,

ANIMAL esse texto.
Estou começando o aprendizado agora e esta questão dos pais é muito importante para mim.
Curti demais o texto da Dona Vera, veio em um momento muito oportuno e certamente vou recomendar para a Dona Norma a sua leitura!

Grande abraço, parabéns pelo belo blog!

Luiz Felipe

Junie disse...

Valeu Luiz Felipe!
Use e abuse do texto; tomara que a D. Norma goste ;-D

Laranja disse...

Qdo comecei a voar, fiz o curso todo sem falar para minha mãe, com um certo receio dela não entender, ou se preocupar, dai qdo ja formado e com meu eqpto resolvi contar pra ela, dai peguei um video e chamei ela pra ver e disse: sabe qdo eu sumo nos finais de semana?! então é isso q to fazendo! e ela disse sem muita conversa: "toma cuidado q isso é perigoso" e deu as costas e foi ver novela.

Unknown disse...

Muito bom o texto!

quando eu estava fazendo o curso, levei uma fita para assistir em casa e juntei meus pais para assistir.

quando acabou, meu pai falou que nunca subiria num treco desses.

e minha mãe foi categorica "QUERO VOAR" já tentamos 2 vezes em Caraguá, mas o vento não ajudou.

quem sabe na próxima.

ps. ela tenta de 3 em 3 anos, não sei o motivo. esse ano, vamos conseguir.

abraço
Juninho

Junie disse...

E aí Juninho!
Tudo blz?
Que bom q vc gostou do texto.
Tomara que esse triênio seja mais proveitoso para sua mãe :-D
abração

Anônimo disse...

Meu querido amigo, realmente você tem de onde puxar!!!!! Amei Dona Vera sem conhece-la! Como mãe imagino o que ela sentiu neste dia, no primeiro dia de escola, no primeiro passo seguido pelo primeiro tombo, ah se pudessemos guardar nossos filhos dentro de nossos ventres para que ele nunca se machucassem!!!!
Ai me lembrei deste texto que adoro, bem como o autor!

"Os Filhos
(Do Livro "O Profeta" - Gibran Kahlil Gibran)

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."

Fique com Deus!
tua Amiga Sempre!

Anônimo disse...

Meu querido amigo, realmente você tem de onde puxar!!!!! Amei Dona Vera sem conhece-la! Como mãe imagino o que ela sentiu neste dia, no primeiro dia de escola, no primeiro passo seguido pelo primeiro tombo, ah se pudessemos guardar nossos filhos dentro de nossos ventres para que ele nunca se machucassem!!!!
Ai me lembrei deste texto que adoro, bem como o autor!

"Os Filhos
(Do Livro "O Profeta" - Gibran Kahlil Gibran)

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:

Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável."

Fique com Deus!
tua Amiga Sempre!

Anônimo disse...

É dona Vera,
Vi no texto da senhora exatamente os sentimentos da minha mãe.
A diferença é que a Dona "Cleo" ainda não teve coragem de ir na rampa.
E a senhora quase enfartou, ela enfarta com certeza, rsrsrs
abraço, muito bom o texto.

Anônimo disse...

amigo, é um presente ter lhe conhecido, precisamos nos encontrar!
forte abraço
ex 02

Junie disse...

Pitta Fly
Tô encaminhando o teu comentário pra minha mãe.
Obrigado, um abraço pra vc e um beijo carinhoso de parabéns pra Dona Cleo!
Abração

Junie disse...

Ô Ex 02!
Privilégio foi meu brother! tenho muita admiração e torço muito por vc!
Estamos mesmo precisando nos encontrar!
Recebeu meu abraço aí do teu parceiro de trilha?
Fiquem com Deus meu brother; um abraço gde pra todos os seus aí! Espero que esteja tudo bem por aí!

Anônimo disse...

Oi vó!!!!!!
Tb???
Grande texto...
Vc fez sucasso vc sabia???
Olha o tanto de comentários q o seu texto tem...
Parabéns vó!!!!
Bjocas,
Cacaia (que agora tá com 08 anos...)
rsrsrsrsrsrs!!!!!!