terça-feira, 6 de maio de 2008

A vingança, a justiça, o perdão e o esquecimento.



“O perdão dado a si mesmo lava a alma, purificando-a da vergonha e da culpa. Do perdão a si mesmo brota a força de perdoar aos outros”.

Parece bem possível que num primeiro momento se consiga separar com base nas afinidades, as coisas assim: Vingança-justiça e perdão-esquecimento.
Quando pensamos em um crime bárbaro ou uma situação aviltante, muitas vezes a idéia de vingança se confunde com a de justiça; não vá dizer que você, um dos meus poucos e pacientes leitores, ao se deparar com a notícia de um crime bárbaro pensa na prisão de seu autor como uma forma do Estado tutelar aquele cidadão até que ele tenha novamente condições de viver em sociedade né?
Na verdade, o que nos ocorre é que simplesmente a criatura deveria apodrecer na cadeia (ou coisa mais contundente); não como forma de justiça e sim, como forma de vingar-se numa espécie de exorcismo daquilo que nós seres humanos não queremos ver em nós mesmos. Para conseguirmos diferenciar de forma prática a vingança da justiça, importa que primeiro nos reconheçamos humanos, com todas as nuances próprias da raça. A vingança é instrumento próprio daqueles que ainda não conseguiram se livrar dos seus próprios fantasmas. A justiça como a concebemos, é simplesmente uma forma de controle social. É preciso que as duas não andem juntas; e é imprescindível que não seja dada a justiça a responsabilidade de resolver e/ou solucionar os problemas e males humanos.
O perdão é sentimento pleno e traz consigo a constatação de que o indivíduo, antes de qualquer outra coisa, se reconheceu como ser falível; deixou de ser um carrasco de si mesmo. Quando nós somos os nossos próprios carrascos não há como esperar que sejamos coisa melhor para os outros.
O perdão não está ligado a ofensa ou mal feito ao indivíduo; tem sim um liame inquebrantável com a capacidade de reconhecer que todo mal ou ofensa, só é mal ou ofensa a depender do que consideramos maléfico ou ofensivo. Para ser mais claro, o perdão está ligado diretamente a capacidade íntima de cada um de nós de relevar àquilo que não consideramos certo, partindo do princípio de que nem sempre a nossa verdade é mais verdadeira do que qualquer outra. O perdão (este sim ao contrário da justiça), tem a capacidade de modificar a realidade e transformar a vida, sobretudo de quem adquire a capacidade de perdoar.
O esquecimento, ao contrário do que muitos imaginam, é fenômeno de memória e não tem nenhum vínculo direto com o perdão. É possível perdoar sem esquecer.
“Eu não consigo esquecer quando me prejudicam” e outras constatações semelhantes servem de subterfúgio para não se dar ao trabalho de exercitar a difícil arte de perdoar. A memória é atributo físico e, mesmo que se tente, não será suprimida de modo algum. Qualquer experiência marcante na nossa vida não é e nem poderia ser esquecida facilmente; constatação que, naturalmente, não impede que perdoemos.
Ah!!! Já ia me esquecendo; às vezes perdoar é muuuuiiiiiiiito difícil; se você não conseguir, perdoe-se...

3 comentários:

Mahrahça disse...

É isso aí Junie, recado muito apropriado para o momento. É uma vergonha a TV em cadeia nacional ensinando tudo errado para a massa. Só está faltando algum político ter a idéia de construir coliseus para julgamentos em praça pública.

Deus salve a américa de baixo

Junie disse...

Vlw José Márcio;
A vida no século XXI é mesmo meio complicada...
Um abraço!
Junie

Anônimo disse...

cada pessoa tem o seu conceito de justiça,de que é certo e errado

existe a instituição pública chamada justiça

não pode confundir as duas

o perdão não é um sentimento,o perdão é um ação