terça-feira, 20 de maio de 2008

A ciência, o inexplicável e a mistificação.

Santa Rita do Sapucaí metade iluminada e metade já na sombra da tarde. Maio de 2004.

No século XVII viveu o filósofo Kant, que dentre outras coisas propôs o chamado paradigma científico Kantiano : "o que não é provado não existe". Na ocasião a ciência ganhou muito em qualidade e em credibilidade em razão dessa proposição, que fez com que, paulatinamente, a influência obscurantista da religião se fizesse cada vez menos importante no trato científico. Me lembro de um filme do grupo humorístico inglês Monty Python (acho que era "Em busca do cálice sagrado") em que numa das esquetes, um sacerdote na idade média conclui que uma mulher era uma bruxa porque não era um pato...e assim a coitada acabou queimada, num exemplo muito bem humorado de como as conclusões se faziam antes do paradigma de Kant.

Passados quase 400 anos da proposição de Kant, no entanto, nos deparamos com novas situações que acabam por nos colocar diante de um novo dilema.

A física, após a Teoria da Relatividade, a medicina diante de fenômenos ditos psicossomáticos, a parapsicologia deparando-se com fenômenos que dentre outras coisas esbarram na pré e pós existência da essência do ser humano (para quem se interessar pelo assunto fica a dica: procurem referências sobre o experimento Scholle), dentre tantos outros exemplos, demonstram diariamente que, as vezes, o que não é provado existe sim, e faz uma enorme diferença na nossa vida.

Faz-se necessário que passemos a considerar realidades mais sutis como essas que citei para que evitemos uma nova era obscurantista, desta vez causada pela luta entre ceticismo e mistificação. Explico: vez ou outra me assusto com pessoas que, com um razoável grau de conhecimento acadêmico, aparecem com conversas a respeito de abduções alienígenas, reencarnações em Marte e toda sorte de bobagens. Fico com a impressão de que, inconscientemente, essas pessoas se deram conta de que a ciência não vem conseguindo explicar nada daquilo que importa em suas vidas; da falta de credibilidade na ciência para essas colocações absolutamente desprovidas de qualquer senso lógico, me parece uma distância muito pequena...
Importa que em uma nova era que já começamos a vivenciar, consigamos tratar das coisas sutis de forma a não excluí-las das possibilidades lógicas sob pena de continuarmos a alimentar bobagens que desmoralizam e trazem a descrença.


Por outro lado surgem os céticos, que insistem em considerar o paradigma Kantiano como uma verdade absoluta - outra grande bobagem que ao final, só acaba por tornar cada vez maior a "guerra" entre os "esotéricos" e os céticos.
Temo que vivenciemos uma nova era obscurantista se não assumirmos que o paradigma Kantiano já deu o que tinha que dar. Admitir que o improvável também é uma realidade muito palpável em nossas experiências na vida é o primeiro e mais importante passo para que consigamos eliminar os dois grandes males desse início de milênio: O "esoterismo-bobagem" e o "ceticismo-cabeçudo".
Pronto; falei... :-D

4 comentários:

Cristiane disse...

Junie, onde encontrar a respeito do experimento Scholle? Procurei no google, mas não achei nada interessante. Aguardo resposta.

Anônimo disse...

Amigo. Orgulho-me de ter você nessa posição... um filósofo. Devo dizer, no alto da minha ignorância, que negar o que não se pode explicar ou provar por meio do experimento científico é tão mal quanto o mal que Kant combateu.

Abraços

Paulo Urzeda

Junie disse...

Oi Cristiane;
Abaixo alguns links que tratam do experimento Schole. Infelizmente só em inglês :-(
Um abração
Junie
http://members.aol.com/spiritlearn/information.html
http://www.chem.utoronto.ca/staff/SCHOLES/scholes_home.html

Junie disse...

Amigo Urzeda,
Que bom "Ve-lo" por aqui.
Melhor ainda receber suas sempre lúcidas palavras.
Abração meu velho!
Junie - um filósofo amador :-D