segunda-feira, 17 de março de 2008

Por que voar de DHV 1-2?



Eu e um irmão "vertebrado" em Mariana/MG. Crédito da foto para o amigo Rogério.

Acabei de trocar a minha vela. Vendi o "Nemo" (um Ellus 2 que me deu muita felicidade) e comprei um Mistral 5 da Swing, também DHV 1-2 que infelizmente ainda não tive oportunidade sequer de inflar dada as condições diluvianas da região.
Vez ou outra, sou questionado sobre os motivos que me levam a continuar voando de velas de homologação baixa. Como a escolha do tipo de vôo que queremos fazer é uma questão que me parece importante, vou dar os meus motivos, que, afinal, estão longe de ser uma verdade absoluta. Trata-se somente da minha verdade, que pode ser diferente da sua e, seguramente, é diferente DA verdade, essa por sua vez diferente da minha e da sua.

1)Um mito muito comum no vôo livre, é de que o desempenho de um piloto melhora na medida em que ele passa a voar de velas de homologação mais alta.
Não é verdade; trata-se de um caso "do rabo que abana o cachorro" O desempenho do piloto melhora na medida em que ele torna-se mais capaz de entender a dinâmica do vôo livre e aplica-la de forma instintiva durante o vôo. A regra correta seria melhorar o piloto e depois trocar a vela (aí sim o cachorro abanaria o rabo) e não trocar a vela na intenção de melhorar o piloto. Além de ser uma atitude completamente ineficaz, mostra-se vez ou outra temerosa e inconsequente.

2)Um parapente DHV 1-2 de fabricação recente não limita o vôo de grande parte dos pilotos que eu vejo em rampas pelo Brasil a fora.
É errado imaginar que é regra geral, aplicável a todos no vôo livre, a premissa de que um vôo vai mais longe ou dura mais tempo se o piloto estiver voando velas de homologação mais alta. Ao contrário, o vôo pode ser melhor sob todos os prismas se o piloto voar em uma vela que lhe transmita mais segurança e não o surpreenda em situações mais críticas de turbulência. São inúmeros os exemplos de situações que comprovam essa teoria.

3)Talvez seja essa a questão mais delicada; a vaidade e a ética de grupo. O vôo livre é um esporte que transborda vaidade. Os pilotos são levados a imaginar que são pessoas "mais especiais que os outros" pelo fato de terem condições de carregar dentro de uma mochila as asas que os levam onde poucos têm coragem ou condiçoes de ir. A plenitude de estar voando às vezes é tão marcante que nos esquecemos que somos seres errantes num planetinha azul; deixamos de lembrar enfim, que somos tão mortais como qualquer outro.
Como em qualquer outro meio social, no vôo livre também surgem regras inconscientes de condutas, que tendem a se sobrepor as regras de comportamento normais que valem para todas as outras situações. Tudo bem quando a ética pessoal não se perde...
Quando estamos na rampa falamos e agimos de maneira própria, de forma a que àqueles que não são do nosso "clã" imaginem até que dialogamos em um idioma desconhecido e que àquelas roupas coloridas e diferentes (algumas sem nenhuma serventia) são feitas exclusivamente para aqueles seres especiais.
A essas peculiaridades sociais daremos o nome de ética de grupo. A ética de grupo usualmente, não passa de um meio legítimo de identificação de pessoas com o mesmo interesse social; assim também o é no vôo livre. O problema é que as vezes a ética do grupo impõe algumas ações temerosas.
A vaidade da qual falamos acima, juntada a ética de grupo cria condições ideais para que nasça a cultura do-cabra-bom-voa-de-vela-brava, premissa que mostra-se diaria e exaustivamente falsa.

4)Se eu pudesse dar uma sugestão a todos os meus irmãos de vôo eu diria: Voe o que lhe faça feliz! Preferencialmente, com o parapente que signifique o caminho mais fácil para a felicidade que só nós conhecemos: estar nas alturas escutando e sentindo o vento. Descobrindo na prática que o invisível e improvável existem e são tangíveis.
Afinal, somos todos especiais mesmo né?

Brevemente, posto as fotos e minhas impressões do Mistral 5.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu conheço aquele classic (preto/laranja). Vc fez o curso com o Luiz Pasquale?

Junie disse...

Opa!
Fiz sim; mas não terminei o curso à época (1995).
Tive que me mudar e acabei fazendo o curso de novo duas outras vezes; e o pior é que ainda não aprendi a voar :-D

Anônimo disse...

Olá amigo,
sou paraquedista, mas estou tentado a entrar para o mundo do parapente também. Ainda não comecei o curso. Encontrei um cara vendendo um DHV 1-2 ano 2003 + Selete Slider 2007 + um par de mosquetões de aço inox por R$ 3.200,00.
Não entendo destes tipos de vela. Vc poderia me dizer o q vc acha?
Um abraço
Bruno

JefTronics disse...

Gostei muito da materia, desbancou alguns esnobes